“O céu aqui é de um azul impossivelmente penetrante e às vezes canta…”
“Aqui o céu canta durante o dia. É preciso ouvi-lo.”
“… quando o céu canta durante o dia assemelha-se muito mais gregoriano do que a qualquer outra coisa, embora isso não seja exactamente correcto. É uma espécie de ribombar musical, é profundo e ocorre-me sonoro mas também não é bem isso. É reverente à sua maneira ainda que não suplicante, é como se Deus cantasse para si próprio…”
“Quem é que não tem medo da noite? Não sei bem como dizer isto, porém, as noites parecem uma gigantesca semi-escuridão iluminada, à qual nos podemos juntar, da qual podemos fazer parte.”
“Quem é que não se sente desamparado? Não será melhor reconhecê-lo? Não deveríamos substituir as acusações por um reconhecimento mais circunspecto e desgastado pelo mundo. Amamo-nos uns aos outros porque não sabemos amar-nos verdadeiramente a nós mesmos; dependemos uns dos outros porque não sabemos depender de nós próprios.”
MICHAEL CUNNINGHAM, escritor norte-americano (1952-), in “dia”, Ed. Gradiva, 2024
(Fotos: Espanha/Isla Canela, 2024)
Boa semana!