(Abdulrazak Gurnah, in "Junto ao mar")
“Falo com os mapas. E às vezes eles respondem-me. Não é tão estranho quanto parece, nem é tão-pouco inaudito. Antes da existência dos mapas, o mundo era ilimitado. Foram os mapas que lhe deram a forma e o aspecto de um território, de uma coisa que podia ser possuída, e não apenas arrasada e saqueada. Os mapas tornaram os lugares na orla da imaginação alcançáveis e domesticáveis. E, mais tarde, quando essa necessidade surgiu, a geografia transformou-se em biologia, para construir a hierarquia com a qual seria possível identificar os povos que, inacessíveis e primitivos, viviam noutros sítios do mapa.”
“Sou um refugiado, um requerente de asilo. Não são palavras simples, ainda que o hábito de as ouvirmos assim as façam parecer. (…) É um pequeno clímax comum nas nossas histórias, abandonar o que conhecemos e chegar a lugares estranhos, carregando fragmentos de bagagem desirmanada e reprimindo ambições secretas e incompreensíveis. (…) O que sabemos puxa-nos constantemente para o que não sabemos…”
ABDULRAZAK GURNAH, escritor nascido em Zanzibar, em 1948, a viver em Inglaterra desde a década de 1960, in “Junto ao mar”, Ed. Cavalo de Ferro, 2022
Prémio Nobel da Literatura, 2021
A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
D' ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
LUÍS VAZ DE CAMÕES, poeta português (1524-80)
"Fala do Velho do Restelo", de OS LUSÍADAS
Hoje Camões estremece com tanta gente a lembrar-se dele.
ResponderEliminarUm abraço.
Muito lindo falar com mapas e aprender com eles.
ResponderEliminarBelo poema e homenagem à Camões nessa data!
beijos, ótima semana e bom feriado!
chica
Bom.dia de feriado, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarViva Camões! Viva Portugal!
De tudo que li, me chamou a atenção:
"uma coisa que podia ser possuída, e não apenas arrasada e saqueada".
Até hoje se confundem...povos brigando sem entender.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
Olá amiga Teresa
ResponderEliminarÉ verdade. Somos todos filhos da Terra. Temos que a respeitar e preservar.
Bela homenagem ao nosso símbolo maior da língua portuguesa, Camões.
Excelente pétala aqui partilha.
Votos de uma excelente semana e bom feriado!
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Dois magníficos excertos.
ResponderEliminarExcelentes escolhas.
Boa semana.
Beijo.
"E há tanta terra, órfã. E há tanta mãe abandonada"
ResponderEliminara tua pétala, respondo com esta minha...
E falando com mapas, eles nos enganam fazendo-nos crer, pelo traçado das fronteiras, que é nossa essa terra de ninguém...
Se Camões estivesse por aqui
não sei se lhe ouviríamos seus cantos
Beijo de Velho do Restelo
E tantos requerente de asilo que há pelo mundo tão indiferente aos dramas de cada um. Camões questiona bem: "Que famas lhe prometerás? Que histórias? Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?"
ResponderEliminarPétalas cheias de sensibilidade minha Amiga Teresa.
Um bom feriado.
Uma boa semana.
Um beijo.
Boa semana Teresa e um excelente feriado 👏🇵🇹😘
ResponderEliminarMinha querida amiga “jardineira”,
ResponderEliminarEstamos sempre remando... Velejando... Pois, “navegar é preciso...”
Como disse “Laura Restrepo”:
“Quem não perdoa atravessa um rio de águas insalubres e fica ali para viver na margem!”
Beijos, bom feriado e boa semana!!!
Tantos anos depois e os velhos do Restelo ainda não foram embora.
ResponderEliminarBeijo, boa semana
Gostei de conhecer Gurnah e Camões é o nosso nome maior em poesia...
ResponderEliminarBom resto de semana, Teresa, abraço .
Deixo uma pétala de Camões, que depois de 500 anos, permanece tão actual...
ResponderEliminarQuanta incerta esperança, quanto engano!
Quanto viver de falsos fumdamentos,
Pois todos vão fazer seus pensamentos
Só no mesmo em que está seu próprio dano!
Na incerta vida estribam de um ser humano;
Dão crédito a palavras que são ventos;
Chegam depois as horas e os momentos
Que riram com mais gosto em todo o ano.
Não haja em aparências confianças;
Entende que o viver é de emprestado;
Que o de que vive o mundo são mudanças
Mudai, pois, o sentido e o cuidado,
Somente amando aquelas esperanças
que duram para sempre com o amado.
Um abraço Teresa.
Bom dia, Teresa
ResponderEliminarLinda postagem, que possamos preservar sempre a nossa terra, desejo um ótimo final de semana, bjs querida.
Olá, amiga Teresa
ResponderEliminarPassando por aqu,i para desejar um feliz fim de semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
https://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Olá, amiga Teresa
ResponderEliminarPassando por aqui, para deixar os votos de uma excelente semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Desejo o mesmo para si, meu amigo Mário.
EliminarObrigada.
Beijo.
Um excelente momento.
EliminarCamões tal actual com as suas questões.
Gostei de ler ,Gurnah, não conhecia.
Aqui que ninguém nos escuta...sempre me dei mal com mapas :)
Deixo abraço e brisas doces **