28 fevereiro, 2023

Pétala nº 3742

“As nossas vidas não são mais do que a soma de contingências diversas, e não importa quão variadas podem ser nos seus pormenores, todas elas partilham uma casualidade essencial nos seus desígnios: isto e depois aquilo, e por causa daquilo, isto.” 

PAUL AUSTER, escritor americano (1947-), in “No país das últimas coisas” (1995), Ed. Presença, 1990


27 fevereiro, 2023

Pétala nº 3741

Terá o azar dos outros de ser também o nosso? Devemos sentir-nos sempre solidários com a espécie humana?” 

SILVINA OCAMPO, escritora argentina (1903-93), in “As ConvidadasO incesto ", Ed. Antígona, 2022


24 fevereiro, 2023

Pétala nº 3740

“Os professores são os pedreiros do mundo”


“Não há uma palavra que eu escreva que não pertença a quem me ensinou as primeiras letras, os primeiros ditongos, os primeiros verbos. Não há uma palavra que eu escreva que não pertença aos professores que me acompanharam ao longo do caminho. 
A escola é muito mais do que um edifício ou do que um lugar onde as crianças aprendem a ler e a escrever. A escola são pessoas que ajudam a construir outras pessoas. E poucas missões são tão nobres como essa. Sempre tive a sensação de que foi a escola que, devagarinho e com cuidado, pousou o mundo nas minhas mãos."


"É assustador pensar num mundo sem educação. Uma sociedade não educada transforma-se num bando de mosquitos suicidas que, sem questionar, segue apenas a luz mais brilhante. Uma sociedade sem educação é pouco mais do que um rebanho que precisa de um pastor para a guiar. Sem educação deixamos de questionar, perdemos a capacidade de interpretar, aceitamos tudo o que nos dão, despidos do sentido crítico que nos permite evoluir.” 

CARMEN GARCIA, enfermeira, escritora portuguesa (1986-), cronista semanal do jornal Público (“Tanto faz não é resposta”), excertos da crónica “Os professores são os pedreiros do mundo”, de 22 Janeiro 2023



(fotos net)

23 fevereiro, 2023

Pétala nº 3739

“«O dever! O dever!» Pelo amor de Deus! O dever é sentir o que é grande, amar o que é belo, e não aceitar todas as convenções da sociedade com as ignomínias que ela impõe.” 

GUSTAVE FLAUBERT, escritor francês (1821-80), in “Madame Bovary” (1857), Ed. Clube do Autor, 2017


22 fevereiro, 2023

Pétala nº 3738

"Viver é gostar de existir, é se destacar mesmo estando em silêncio, é fazer acontecer, viver é fazer por merecer..."

DOUGLAS MELO, conhecido no seu blogue "DOUG-BLOGcomo  Doug, é um jornalista, escritor, blogueiro, professor/PhD (Philosophiæ Doctor) brasileiro (1970-), in crónica "O Conto do Passarinho", 4 fevereiro 2023
 

21 fevereiro, 2023

Pétala nº 3737

“Há tantos dias de carnaval quando não estamos no Carnaval.” 

SILVINA OCAMPO, escritora argentina (1903-93), in “As ConvidadasVisões (1961)”, Ed. Antígona, 2022



Feliz CARNAVAL


(foto net)


20 fevereiro, 2023

Pétala nº 3736

“… os mortos não nos podem dizer que estamos enganados. Apenas os vivos podem fazê-lo – e podem estar a mentir. Por isso, confio mais nos mortos. Isto é bizarro ou sensato?” 

JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “Elizabeth Finch”, Ed. Quetzal, 2022


17 fevereiro, 2023

Pétala nº 3735


“- Olha ali a Estátua da Liberdade- Uma mulher alta e verde de roupão em pé sobre uma ilha com a mão no ar. 
- O que é que ela tem na mão? 
- É um farol, querido… A liberdade a iluminar o mundo…”


 - Já viste o que seria… ir ao estrangeiro num desses paquetes. Imagina atravessar o grande Atlântico em sete dias.
 - Mas o que é que as pessoas fazem tanto tempo num barco, papá? 
- Não sei… Devem passear no convés e jogar às cartas e ler e esse género de coisas. Depois fazem bailes.
- Bailes num barco! Deve balançar imenso…
 - Nos grandes paquetes modernos há bailes. 
- Porque é que não vamos papá? 
- Talvez um dia possamos ir, se conseguirmos juntar dinheiro. 
- Oh, papá, despacha-te a juntar dinheiro. 

- Papá, porque é que não somos ricos? 
- Há muita gente mais pobre que nós, Ellie… Não gostavas mais do papá se fosse rico, pois não?
 - Oh, gostava, pois, papá.” 

JOHN DOS PASSOS (John Roderigo Dos Passos, oriundo de uma família portuguesa, Madeira), escritor e pintor norte-americano (1896-1970), in “Manhattan Transfer” (1925), Ed. Presença, 2009




16 fevereiro, 2023

Pétala nº 3734

“… é a vaidade que faz com que o homem suporte a sua triste sorte.” 

SOMERSET MAUGHAM, (William Somerset Maugham), romancista e dramaturgo inglês (1874-1965), in “O Agente Britânico” (1928), Edições ASA, 2021


15 fevereiro, 2023

Pétala nº 3733

“Talvez seja na doença e no abandono que mais precisamos dos outros. É completamente diferente viver uma doença grave sozinho ou acompanhado, de mão dada.” 

JOSÉ GAMEIRO, psiquiatra português (1949-), in crónica “A superioridade moral”, publicada na revista "E", do jornal Expresso de 28 Outubro 2022


14 fevereiro, 2023

Pétala nº 3732

“Haverá alguma palavra mais mitificada, mais maltratada, mais mal-entendida, mais flexível em termos de sentido e intenção, mais manchada, mais deslustrada pela saliva de um milhão de línguas mentirosas do que a palavra «amor»? E haverá alguma coisa mais banal do que queixumes sobre isso? No entanto, não a podemos substituir, porque também é robusta, granítica, de armadura impermeável. É à prova de água, resistente a tempestades, deflectora de relâmpagos.”

JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “Elizabeth Finch”, Ed. Quetzal, 2022



Hoje, Dia dos Namorados.


(foto net)

13 fevereiro, 2023

Pétala nº 3731

“Digo a mim mesma que quero ter uma vida feliz e que as circunstâncias para essa felicidade apenas ainda não se materializaram. Mas e se não for o caso? E se eu própria me estiver a impedir de ser feliz?”
 
SALLY ROONEY, escritora irlandesa (1991-), in "Mundo Belo, onde Estás" (Beautiful World, Where Are You, 2021), Ed. Relógio D'Água, 2021


10 fevereiro, 2023

Pétala nº 3730

Todas as cartas de amor são 
Ridículas. 
Não seriam cartas de amor se não fossem 
Ridículas. 
(primeira estrofe de um poema de Álvaro de Campos)


"Meu Bébé pequenino:
Então o meu Bébé fez-me uma careta quando eu passei?
Então o meu Bébé, que disse que me ia escrever hontem, não me escreveu?
Então o Bébé não gosta do Nininho? (Não é por causa da careta, mas por causa de não escrever)
Olha, Nininha; e agora a sério: achei que tinhas um ar alegre hoje, que mostravas boa disposição. Também pareces ter gostado de ver o Ibis, mas isso não garanto, com medo de errar.
Ainda fazes muita troça do Nininho? (A. De C.).
Não sei se irie amanhã a Belem; o mais provável, como te disse, é que vá. Em todo o caso, já sabes: depois das 6.30 não apareço, de modo que escusas de esperar pelo Ibis para alem dessa hora.
Ouvistaste?(sic)
Muitos beijos e um abraço á roda da cintura do Bébé.
Sempre e muito teu
Fernando
6/5/1920

"Meu Bébé pequenino:
Pelo papel vês de onde te estou escrevendo. Refugiei-me aqui da chuva, e, como por isso atrazei varias cousas que tinha que fazer, não poderei ir ás 6 horas a Belem acompanhar a Nininha até Lisboa.
Estou um pouco melhor (de saúde, não de juízo), mas ainda me sinto bastante mal disposto.
Amanhã (salvo doença ou outra cousa que estorve) passo na tua rua entre as 11 e as 11.30. Se o Bébézinho quizer estar á janella, vê o Nininho passar. Se não quizer, não o vê (É author destas ultima frase o meu querido amigo Alvaro de Campos).
Que pena a fabrica em Belem não ter telephone. Se tivesse eu poderia avisar-te de que não ia, nos dias em que não pudesse ir; e excusava a Ibis do Ibis de esperar pelo Ibis.
Adeus, Bébé queridinho: muitos beijinhos do mau e sempre teu
Fernando
22/5/1920"

Duas cartas de amor escolhidas de entre a meia centena reunida neste livro, com posfácio e notas de David Mourão-Ferreira, e preâmbulo de Maria da Graça Queiroz (sobrinha-neta da destinatária das cartas).
As cartas - ternurentas, comoventes, bem-humoradas, respeitosas - são de Fernando Pessoa (1888-1935) para Ophélia Queiroz (1900-91), sua única namorada conhecida.
Como foi que se conheceram? Como foi o namoro?
Ophélia desvenda tudo num emocionante testemunho:

"Como conheci o Fernando
Respondi a um anúncio do «Diário de Notícias».
Tinha 19 anos, era alegre, esperta, independente e, contra a vontade de meus Pais e família, resolvi empregar-me.
Conheci o Fernando no dia em que me apresentei ao anúncio… um senhor todo vestido de preto… com um chapéu de aba revirada e debruada, óculos e laço no pescoço. Ao andar, parecia não pisar o chão. E trazia – coisa mais natural – as calças entaladas nas polainas. Não sei porquê, aquilo deu-me uma terrível vontade de rir…
Foi esta a minha primeira imagem do Fernando.
O Fernando adorava-me, e tinha uns repentes de paixão que me assustavam, mas que ao mesmo tempo me divertiam.
Era duma delicadeza e duma ternura imensa. (...)"

Chegaram a casar? Não!
Fernando Pessoa nunca casou.
Ophélia casou com um homem do teatro, três anos após a morte de Fernando.

Um poeta solitário - apaixonado.
Estranho? Não, lindo!


09 fevereiro, 2023

Pétala nº 3729

“Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão realizar.” 

JÚLIO VERNE (Jules Gabriel Verne), escritor francês (1828-1905)


08 fevereiro, 2023

Pétala nº 3728

Não podemos despedir-nos senão do que intensamente um dia nos pertenceu. Mas o que um dia intensamente nos pertenceu continuará a pertencer-nos para sempre.” 

JOSÉ CARLOS BARROS, arquitecto e escritor português (1963-), in “As pessoas invisíveis” (Prémio LeYa, 2021), Ed. LeYa, 2022


07 fevereiro, 2023

Pétala nº 3727

“… hoje, na paisagem digital, amigos e seguidores passaram a significar coisas diferentes, coisas aguadas. Muitas pessoas conhecem outras pessoas sem de facto as conhecerem. E sentem-se felizes com essa superficialidade.” 

JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “Elizabeth Finch”, Ed. Quetzal, 2022


06 fevereiro, 2023

Pétala nº 3726

“- A cama não é uma coisa maravilhosa?
- A cama é a nossa Pátria
- Quem disse? 
- Eu.” 

ERNEST HEMINGWAY, escritor norte-americano (1899-1961), in “Verdade ao amanhecer (True at first light, publicação póstuma 1999)”, Publicações Dom Quixote, 2001 
Prémio Nobel de Literatura, 1954


03 fevereiro, 2023

Pétala nº 3725

WILLIAM SHAKESPEARE


Soneto CXVI

"Não haja impedimentos à união 
de almas fiéis; amor não é amor
se se alterar ao ver alteração
ou curvar a qualquer pôr e dispor.
Ah, não, é um padrão sempre constante
que enfrenta as tempestades com bravura;
é estrela a qualquer barco navegante,
de ignoto poder, mas dada altura.
Do Tempo o amor não é bufão, na esfera
da foice curva em bocas, róseos rostos;
com breve hora ou semana não se altera
e até ao julgamento fica a postos.
      E se isto é erro e em mim a prova tem,
      nunca escrevi e nunca amou ninguém."


"Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments; love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove.
O no, it is an ever-fixed mark,
That looks on tempests and it never shaken;
It is the star to every wand'ring bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come;
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
      If this be error and upon me proved,
      I never writ, nor no man ever loved."


"É provável que o principal pilar do cânone da literatura ocidental seja a obra de William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês nascido em 1564, em Stratford-upon-Avon, cidade onde terá morrido em 1616. Além da sua obra dramática e de alguns poemas dispersos, os seus Sonetos constituem um monumento de composição e beleza, um atlas sobre a representação do amor, da passagem do tempo e da finitude, da paixão erótica, do desejo ou da solidão."

VASCO GRAÇA MOURAescritor, tradutor e político português (1942-2014), in "Os Sonetos de Shakespeare", Ed. Quetzal, 2016



(fotos net)


02 fevereiro, 2023

Pétala nº 3724

No momento de maior escuridão, os homens veem as estrelas.”
 
RALPH WALDO EMERSON, escritor norte-americano (1803-1882)


01 fevereiro, 2023

Pétala nº 3723

A chuva não faz distinção. Mais cedo ou mais tarde, ela cai sobre toda a gente, e quando cai, toda a gente é igual a todas as outras pessoas – ninguém é melhor, ninguém é pior, todos iguais…” 

PAUL AUSTER, escritor americano (1947-), in “No país das últimas coisas” (1995), Ed. Presença, 1990