“Não queria estar na cama, preferia o sofá. Voltava-se sempre para a parede e sofria em solidão, incapaz de evitar os sofrimentos que não tinham cura e, igualmente em solidão, cogitava no mesmo problema, também sem solução. Que vem a ser isto? Será mesmo a morte?”
"Em imaginação revivia, um a um, quadros da sua vida passada. Quanto mais para trás ficavam as memórias, mais vida havia nelas. Mais bondade, mais vida em tudo – a qualidade de vida e a própria vida entrelaçavam-se. «Como os sofrimentos pioram cada vez mais, piora cada vez mais a vida», pensava. Um ponto luminoso, lá muito para trás, no início da existência; depois, cada vez mais escuro, mais negro, ganhando velocidade. «Inversamente proporcional ao quadrado da distância até à morte», ocorreu a Ivan Iliitch. Guardara na alma a imagem de uma pedra em queda livre, com aceleração constante. «Estou a cair…» (…) «Se ao menos eu percebesse para quê tudo isso…»
«Não há explicação! Sofrimento, morte… Para quê?»
«Teria andado, realmente, durante toda a vida, a vida consciente, por maus caminhos?»
«Ainda estou a tempo de fazer o certo. Que é o certo?»
LEV TOLSTÓI, escritor russo (1828-1910), in “A Morte de Ivan Iliitch” (1886), Ed. Presença, 2024
“À medida que a morte se aproxima, Ivan Iliitchi passa revista à sua vida, que em breve terminará. Nunca o estimado juiz havia dedicado um minuto do seu tempo a reflectir sobre a sua inevitável finitude.”
"Todos havemos de morrer. Não custa assim tanto."
(Lev Tostói)
É comovente e reflexivo este enorme romance, de apenas 109 páginas, publicado em 1886.
E são tantas, mas tantas, as questões sobre o envelhecimento, o sofrimento, a morte, que continuam sem resposta
Uma pétala!
Boa semana!
Olá, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarQue texto cabível num tempo de tantos extermínio ns humanidade!
"Que é o certo?"
Está posta a humanidade sob o peso da dúvida.
Tanta inversão de valores na atualidade...
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Emocionantes e fortes palavras, reflexivas, ainda bem, enfeitadas por belo céu! beijos, linda semana,chica
ResponderEliminarOlá, amiga Teresa.
ResponderEliminarNão li este romance de Lev Toltói. Mas, pela amostra que aqui partilha é uma ótima leitura.
Todos nós sabemos que nascemos, vivemos e morremos. Não há volta a dar. No entanto, há quem esteja persistentemente a pensar nela. O que é deveras traumático.
Eu não estou preocupado com ela. Quando chegar chegou. A minha preocupação é desfrutar a vida enquanto aqui estiver.
Excelente partilha, estimada amiga.
Deixo os votos de uma boa semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
"A Morte de Ivan Iliitch” é mesmo um livro admirável que já li e reli e sempre encontro alguma coisa que me toca mais. Obrigada, minha Amiga Teresa por o lembrar aqui.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Minha querida "jardineira",
ResponderEliminarTenho um aforismo que diz:
"Não se esforce tanto em remar, esteja você aqui ou além-mar, pois, os remos se juntarão nas mesmas águas e um dia todos morreremos na praia!"
Beijos e tenha uma semana suave!!! 🌹_(ヅ)_/¯¯
Com os clássicos ainda se aprende.
ResponderEliminarUm abraço.
Esta semana que passou estive envolvido num debate eterno - eutanásia e distanásia.
ResponderEliminarNão me prolonguem artificialmente a vida, por favor.
Beijo, boa semana
" Todos havemos de morrer, não custa assim tanto" , isto é o mais certo que temos na vida, mas, como diz Gilberto Gil numa das suas músicas, " Não tenho medo da morte, tenho, sim, medo de morrer " e é precisamente isso que penso, querida Teresa. " Não custa assim tanto " saber que a morte há-de chegar, mas todos sabemos que ela chega tantas vezes com um sofrimento muito grande e por isso assusta. Que ela venha com calma e suavemente nos leve. À medida que o tempo passa, pensamos muito mais e refletimos na nossa " inevitável finitude ", não só pela idade que já temos, mas, principalmente por vermos que amigos e conhecidos nossos já partiram. Tentamos afastar esses pensamentos e conseguimos, mas, basta sabermos que alguém partiu que logo eles aparecem. É inevitável que isso aconteça, porque a morte não é, de modo nenhum, um tema agradável. Sabes, Teresa, quando penso no passado não fico a reflectir no caminho que fiz, se acertei, se errei muito, se fui ou não boa pessoa; penso nas pessoas que comigo partilharam a vida, nos lugares onde fui feliz; nem sequer me lembro das pessoas que me prejudicaram, porque sempre fiz questão de afastar quem me faz mal. Não sou de arrependimentos, porque facilmente peço desculpas e se são aceites, logo o bom entendimento volta, se não, então afasto e não penso mais nisso. Continuarei assim, fazendo o que acho correto, tentando ser boa pessoa e pedindo desculpa àqueles que, porventura ofenda. Amiga querida, hoje o teu jardim está cheio de pétalas, não muito agradáveis, mas que têm de estar presentes; não tenho jardim, mas muitos vasos carregadinhos de flores e, consequentemente, pétalas no chão das varandas. Como sempre, pertinentes, as tuas pétalas, querida Amiga. Continua, pois é preciso que paremos para refletirmos, principalmente no que devemos fazer com o tempo que nos resta. Chega de tanta correria!!! Beijinhos e um abraço " daqueles nossos.
ResponderEliminarEmília 🌻 🌻
Levo a sugestão e belos poentes!!! 💛😘
ResponderEliminarBoa noite, amiga Teresa
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar um bom fim de semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Agradeço e retribuo, amigo Mário.
EliminarBeijo. Um lindo e calmo e poético, fim-de-semana.
Querida amiga, essa pétala dá o que pensar, envolve vida e morte. A morte assusta sempre pela maneira que vai nos tocar, porque dela não escapamos, mas espero, no entanto, quando meu dia chegar, quando meu olhar tiver o brilho opaco da despedida, que eu tenha a doce ilusão de que a morte não me venha tão amarga, que me toque docemente e, sobretudo, com compaixão.
ResponderEliminarUm tema amargo, mas há momentos que pensamos, não tem como não pensar, certas coisas não escapam de nossas reflexões...
Beijinho querida, bom fim de semana.
🌹 💚🌺 🌼