"Afirma que a violência de uma sociedade se mede pela violência que exerce ou não sobre as mulheres.
Elas são os canários na mina de carvão (the canary in a cool mine). O modo como são tratadas espelha o grau de doença de uma sociedade.
O que diz às mulheres que não lutam pelos seus direitos?
Há dois tipos de mulheres nesta situação. As privilegiadas, para as quais já se atingiu tudo o que era preciso – e questionam para quê continuar uma luta tão pouco sexy. E as que não tiveram acesso à informação, aos instrumentos para pensar criticamente. O que pode fazer uma mulher pobre e analfabeta numa aldeia da Índia? Se não consegue alimentar os filhos, como lhe vamos pedir que lute pelo feminismo? (…)
Como é que a idade é uma armadilha?
À medida que envelhecemos, a sociedade descarta-nos. A natureza faz isso em todas as espécies. Mas, entre os humanos, não nos descarta a todos por igual – descarta as mulheres. É preciso ter orgulho da idade que se tem.
Como é envelhecer?
Ser velho é despedir-se de alguns atributos da juventude. Para mim, a juventude acabou quando fiz 50 anos e a minha filha morreu. (…)
E como é apaixonar-se aos 70 anos?
É igual do que apaixonar-se aos 30, mas com uma sensação de urgência – não há tempo a perder. Cada dia é um dia a menos. Percebes isso quando as pessoas à tua volta começam a morrer, quando morrem os teus pais, quando os teus netos são adultos. Cada dia que perdes por uma zanga, uma impaciência ou um mal-entendido, é um dia menos no calendário. Então, aprendes a usar a cabeça."
ISABEL ALLENDE, escritora chilena (1942-), excertos da entrevista concedia a Luciana Leiderfarb, publicada na revista «"E", do jornal Expresso de 18 Dezembro 2020
Vim da Fê e descobri estas pétalas tão lindas!
ResponderEliminarJá li vários livros de ISABEL ALLENDE, o primeiro, precisamente, intitulado "Paula", o livro que escreveu após a morte da filha. É uma SENHORA da literatura. O excerto escolhido, mostra-nos bem do que ela é.
Tão bem que ela define a sociedade e a mulher!
"Cada dia que perdes por uma zanga, uma impaciência ou um mal-entendido, é um dia menos no calendário. Então, aprendes a usar a cabeça."
Fiquei a pensar nesta frase...
António Damásio escreveu que não se pode separar emoção de razão, o cognitivo do emocional, mas ela tem razão. A idade acaba por nos fazer mais racionais, perante a experiência de vida que acumulamos.
Adorei!
Boa semana. :)
Bem-vinda ao pétalas, Alexandra!
EliminarA entrevista é sensacional. O tamanho obrigou-me a fazer escolhas.
Somos seres racionais e a experiência de vida acumulada torna-nos mais humanos, mais tolerantes, mais lúcidos, mais sábios.
Visita prometida.
Beijo, boa semana.
Corri atrás dos seus livros durante anos. Foi escritora de que gostei bastante. Talvez a única pessoa a escrever que me interessou quanto a aspectos da vida privada, creio que o livro "Paula" contribuíu para tal. Ou ela ou eu, ou ambas, mudámos, as obras que escreve hoje pouco me interessam. Oxalá não seja por ambas sermos velhas, não gostaria de enfermar do mesmo mal social de que se queixa: descartam-se as mulheres velhas.
ResponderEliminarBea, esta outra velha recusa-se a ser descartada!!!!
EliminarO último livro que li de Isabel Allende foi "O amante japonês", publicado em 2015.
Beijo, boa semana.
Também o comprei e li, mas gostei menos. Nada a ver com o que conhecia da escritora.
EliminarIsabel Allende, aquela escritora de que devorei livros uns atrás dos outros. Sempre tão criativa, sempre tão lúcida como se pode ver no excerto desta entrevista.
ResponderEliminarCuida-te bem minha Amiga Teresa. Uma boa semana.
Um beijo.
Graça, a entrevista no seu todo é espectacular.
EliminarLamentavelmente, não cabia num só canteiro.
Beijo, querida amiga. Boa semana, protege-te muito e bem.
Já li vários livros de Isabel Allende. O primeiro livro que li foi Paula. Tenho uma sobrinha com esse nome e comprei-o e ofereci-lhe como prenda de anos, em Agosto de 1999. Um ano mais tarde ao ir de férias perguntei à minha sobrinha se tinha gostado do livro e ela disse-me que sim, pegou nele e disse-me: A tia devia lê-lo. Aproveite fazê-lo agora nas férias.
ResponderEliminarFoi o que fiz. Depois desse já li, Eva Luna, Os contos de Eva Luna, O Plano Infinito e A soma dos dias, este último o ano passado.
Abraço, saúde e boa semana
Elvira, quando tiver oportunidade leia "O amante japonês". Vai gostar.
EliminarBeijo, boa semana.
Boa tarde Teresa,
ResponderEliminarUm Escritora que merece a minha admiração!
Questões cujas repostas podemos ler no seu último livro "Mulheres da minha alma"! Muito bom de tão real.
Beijinhos e uma boa semana.
Ailime
Ailime, a entrevista aconteceu logo após o lançamento d0 livro.
EliminarObrigada pela dica de leitura. Anotei!
Beijo, boa semana.
Embora não seja fã da obra de Isabel Allende dos últimos anos, li tudo, até o romance policial, do qual gostei muito. „PAULA“ tenho-o na estante, mas nunca tive coragem de o ler.
ResponderEliminarAs pétalas de hoje dizem o que eu penso de uma sociedade, onde a violência doméstica predomina. INFELIZMENTE, a maioria das mulheres são canários na mina de carvão.
Aconteceu também comigo, Teresa. Li tudo (menos os últimos títulos) de Isabel Allende, várias vezes tentei "Paula" e sempre desisti.
EliminarVou ter de reler alguns dos seus romances romances para colher algumas pétalas.
Beijo, boa semana.
"Paula" é, em meu entender, o seu melhor romance. E não é difícil de ler embora tenha momentos muito emotivos. "Afrodite" é um título que recomendo. Foi o primeiro livro que escreveu depois da morte da filha. E não é igual a nenhum outro. Nem é triste.
Eliminar"Afrodite" é um mimo gastronómico erótico. Uma mistura (explosiva) de amor e sexualidade com o paladar da comida. Não faltam histórias (contadas como só ela sabe), receitas para experimentar, um mergulho no mundo dos afrodisíacos, e imagens de encantar.
EliminarDiz ela: "Apetite e sexo são grandes motores da história, preservam e propagam a espécie, provocam guerras e canções, influem nas religiões, na lei e na arte."
Claro que também recomendo. Efusivamente!
Beijinhos, Bea.
(Nota para quem não tem este livro.
Compre, aprenda, experimente, divirta-se.
Sabe fazer o molho erótico? Não?! A receita está na página 226.)
Bom, não fiz qualquer receita e pouco liguei a isso, à parte divertir-me com os ingredientes de algumas e o modo de confecção, mas apreciei devidamente todo o sentido de humor de que o livro dá conta. Sobretudo por conhecer o longo processo de recuperação da autora depois da morte da filha. Admirável, não é, Teresa?
EliminarVerdade, Bea!
EliminarDeus me livre de passar por essa dor maior.
Bjs.
Uma publicação ao mais alto nível! :)
ResponderEliminar-
Tenho ciúmes, confesso ao céu estrelado
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Beijo. Uma excelente semana.
Obrigada, Cidália!
EliminarIsabel Allende é uma escritora que recomendo.
Beijo, boa e poética semana.
A Isabel tem razão
ResponderEliminareu, septuagenário
sou um eterno
apaixonado
e todos os dias me apaixono
Tem graça
ResponderEliminarsou o único homem
hoje aqui passa?
Verdade!
EliminarTu és realmente... único!
Beijo, boa semana.
Estás a ver?
EliminarSe não fosse eu falar...
depois de mim, para que não seja único
Olá Teresa!
ResponderEliminarAgradeço a visita e gentil comentário no meu cantinho. É sempre um prazer recebê-la.
Em relação a está postagem: não podia estar mais de acordo com tudo que este post contêm.
Excelente! Para que possamos refletir, nas várias vertentes nela contida. Parabéns!
Votos de ótima semana!
Beijinhos e muita saúde!
Obrigada, Mário!
EliminarEsta publicação vale pela citação inicial, mas também pelos comentários de quem por aqui passa.
Nesta pétala, tudo deve ser lido. Digo eu!
Beijo, boa semana, também gosto de o receber aqui.
Isabell Allende a "oferecer-nos " citações muito bonitas que me deliciou ler. É lindo quando uma pessoa se apaixona aos 70 anos. Uma verdadeira ternura.
ResponderEliminar.
Feliz início de semana.
Cuide-se
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Se o poeta diz que é linda uma paixão aos 70 anos, é por que é!
EliminarAinda não cheguei lá, nem quero experimentar. Viúva, eu? Não!!!
Beijo Ricardo, boa semana... chuvosa.