27 novembro, 2023

Pétala nº 3795

"Salvar qualquer coisa do tempo onde não voltaremos a estar." - (2)
(Annie Ernaux, in "Os Anos")


1950, 1960, 1970, 1980...

"O progresso era o horizonte de todas as existências."

"As pessoas afirmavam «isto está a mudar» ou «é preciso não embrutecer, se ficamos em casa ficamos estúpidos."

"Queixávamo-nos aos pais, «nunca vamos a lado nenhum!», e eles respondiam admirados «Onde é que queres ir, não estás bem aqui?»"

“Pensar, falar, escrever, trabalhar, existir de outro modo: julgávamos não ter nada a perder por experimentar tudo.”

"Tudo o que era ligeiro, frívolo, instantâneo, estava na moda."

“Centro Comercial… lugar mais importante das nossas vidas, o da inesgotável contemplação dos objetos, do gozo sereno… lugar de emoções rápidas e incomparáveis, curiosidade, surpresa, perplexidade, inveja, desgosto – de lutas rápidas entre as pulsões e a razão."

"Recordávamos a crítica dos nossos pais: «E não te chega para seres feliz tudo aquilo que tens?»

ANNIE ERNAUX, escritora francesa (1940-), in "Os Anos", Ed. Livros do Brasil, 2020
Prémio Nobel de Literatura, 2022

(Frases soltas encontradas nas 196 páginas do livro.)



(fotos net)

20 novembro, 2023

Pétala nº 3794


"A vida é movimento, quem mais se agita mais vive. A vida é fome, sobrevive quem come. A vida é bruta, vence quem mais luta."


"A vida é um arco, tem o seu começo e o seu fim, inicia-se num berço, faz o seu voo ascendente, e a partir de certa altura a curva desce até nos entregarmos à terra, de novo dentro de uma caixa de madeira que em nada difere de um berço. É nessa descida que me encontro, nada tenho que me queixar. Recuso o lamento, repudio a contemplação da doença e condeno o prolongamento da vida para além dos seus limites. O que não quer dizer que não sofra. Há muito que cheguei à conclusão de que faz parte da descida do arco da vida lidar com o sofrimento." 


"Mente a rosa, mente o cravo
mente a Natureza inteira - a vida falsa
verdadeira."

LÍDIA JORGE, escritora portuguesa (1946-), in “Misericórdia”, Ed. D. Quixote, 2022


O diário do último ano de vida de uma mulher, "um livro sobre o esplendor da vida que acontece quando as pessoas estão para partir"."

Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores, 2022
Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues, 2023
Prémio do PEN Clube Português de Narrativa, 2023
Prémio Literário Fernando Namora, 2023
Prémio Médicis Étranger, 2023

Obrigatório ler!

(fotos Teresa DiasCUBA/Varadero, 2023)


13 novembro, 2023

Pétala nº 3793


“É terrível rechaçarmos o que em tempos, brevemente, amámos, ou julgámos amar, ou quisemos pensar que amávamos. Mas a que estamos acorrentados, ainda assim, para a vida toda.”
DAMON GALGUT, escritor sul-africano (1963-), in “A Promessa” (Booker Prize, 2021), Ed. Relógio d'Água, 2021

"... o encantamento deve ser conservado em seu próprio vaso, de contrário transborda e desfaz-se em nada."
LÍDIA JORGE, escritora portuguesa (1946-), in “Misericórdia”, Ed. D. Quixote, 2022"

“… uma parte do amor reside em ser-se surpreendido pela pessoa que se ama, embora se possa conhecê-la profundamente e bem. É um sinal de que o amor está vivo. A inércia mata o amor – e não só o amor sexual; todos os tipos de amor.”
JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “Elizabeth Finch”, Ed. Quetzal, 2022

"Casamento, sucesso, amor, são só palavras…”
JOHN DOS PASSOS (John Roderigo Dos Passos, oriundo de uma família portuguesa, Madeira), escritor e pintor norte-americano (1896-1970), in “Manhattan Transfer” (1925), Ed. Presença, 2009


“Não sei se estás em mim
ou se estou em ti, ou se me pertences.
Penso que estamos ambos no interior
de outro ser que criámos e se chama «nós».

VALÉRIE PERRIN, escritora francesa (1967-), in "A breve vida das flores", Ed. Presença, 2022


(fotos Pinterest)

06 novembro, 2023

Pétala nº 3792


LIBERDADE
"Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade, 
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade."

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, poetisa portuguesa(1918-2004),
 in "Obra poética I", Círculo de Leitores, 1992


MEU PAÍS DESGRAÇADO (excerto)
“Meu país desgraçado!... 
E no entanto há Sol a cada canto 
e não há Mar tão lindo noutro lado. 
Nem há céu mais alegre do que o nosso, 
nem pássaros, nem águas…” 

SEBASATIÃO DA GAMA, professor e poeta português  (1924-1952)


POEMA DA MALTA DAS NAUS (excerto) 
“O meu sabor é diferente 
Provo-me e saibo-me a sal. 
Não se nasce impunemente 
nas praias de Portugal.” 

ANTÓNIO GEDEÃO (pseudónimo de Rómulo Vasco da Gama de Carvalho)poeta português ( 1906-97), 
in "Poesias Completas", Ed. Sá da Costa, 1982


(Fotos Teresa DiasPORTUGAL/Porto Santo, 2023)