blues da morte de amor (excerto)
"já ninguém morre de amor, eu uma vez
andei lá perto, estive mesmo quase,
era um tempo de humores bem sacudidos,
depressões sincopadas, bem graves, minha querida.
mas afinal não morri, como se vê, ah, não,
passava o tempo a ouvir deus e música de jazz,
emagreci bastante, mas safei-me à justa, oh yes,
ah, sim, pela noite dentro, minha querida."
VASCO GRAÇA MOURA, escritor, tradutor e político português (1942-2014), in "Poemas escolhidos", Bertrand Editores, 1996