"Bastam-me apenas as palavras
para viver o amanhã"
(Albino Santos, versos do poema "Bastam-me as palavras")
A COMPLEXIDADE DAS COISAS BANAIS (excerto)
"O tempo é infinito... mas tão efémero. De repente, ele se esvai no interior de nós e oculta o sol, que se extingue nas sombras impenetráveis do destino. Fecham-se as janelas da alma, expulsam-se os sorrisos, até que o murmúrio da noite se sobreponha a tudo cobrindo-me com o seu lençol de silêncio. Estou só, numa árida deambulação sem caminho, procurando as palavras quase sem ardor nem gosto. Na complexidade das coisas banais, talvez uma luz imprevista venha reacender a paisagem!"
O SILÊNCIO É NEGRO
Apetece-me o silêncio!
O silêncio nocturno das cidades,
entre a penumbra e a alba
onde crepitam todas as paixões.
Nos meus versos insaciados
escondem-se lúgubres noites
entre sonhos imperfeitos e nostálgicos
amanheceres.
Eu sei que o silêncio é negro
como é negro sentir
que o olhar que queremos não nos afaga
e a boca que desejamos não nos procura.
Mas a minha boca ainda respira em versos
e sente o sabor do beijo
com que as pétalas amam o coração das rosas!
ALBINO SANTOS, https://as-polyedro.blogspot.com/, in "A COMPLEXIDADE DAS COISAS BANAIS", Seda Publicações, 2025
Obrigada, meu amigo!
(Foto net. Agradeço a quem me enviou.)