"O mar é o céu sentado no chão."
"O mar é água que estremece... É água que inspira e expira."
VALÉRIE PERRIN, escritora francesa (1967-), in "TRÊS", Ed. Presença, 2023
"O que deslumbra no mar é tudo o que o mar não mostra, esse além para onde se somem os navios em viagem. Não é o sossego rasante que se espraia sobre as águas nem o cântico das ondas. Isso é apenas beleza...”
JOÃO PINTO COELHO, arquitecto, professor e escritor português (1967-), in “Mãe, Doce Mar”, Ed. Leya, 2022
"Caminhamos como quem entra na água para diluir a dor e submergir nela. Deixarmos a tristeza vogar ao ar livre: abandonarmo-nos."
"Este tipo de caminhadas (…), que vão do azul da manhã ao laranja da tarde, sem nada de vivo ou cortante, não apazigua a tristeza. Não constitui o elixir tonificante, a fonte de energia. Não a anulam: transformam-na. (…)"
“Quando tudo estiver destruído, quando a civilização tiver desaparecido após um grande cataclismo, talvez não reste mais do que caminhar sobre ruínas fumegantes de uma humanidade submersa.”
“O fim do mundo não é quando tudo para, mas quando tudo continua, interminavelmente. Não há outra coisa a fazer senão pôr um pé diante do outro…
FRÉDÉRIC GROS, filósofo, professor, escritor francês (1965-), in "CAMINHAR uma filosofia" (2009), Ed. Antígona, 2024
“Os limites do meu conhecimento são os limites do meu mundo.”
“O meu mundo acaba onde acaba a minha linguagem. Não podes pensar aquilo que não dizes, e não podes dizer aquilo que não pensas.”
LUDWIG WITTGENSTEIN, filósofo austríaco, naturalizado britânico (1889-1951)
(citado por Pedro Abrunhosa)
“Nós aprendemos a construir a linguagem por razões puramente espirituais. Porque precisamos de comunicar uns com os outros”.
PEDRO ABRULHOSA, cantor e compositor português (1960-), in entrevista a Lia Pereira, revista “E”, jornal Expresso, 17 Maio 2024
"Sabemos que a extrema dor física afugenta a linguagem; é desencorajante saber que a dor mental faz o mesmo."
JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “Nada a temer”, Ed. Quetzal, 2020
Fotos de Teresa Dias:
1 - PORTUGAL/Cascais, 2025
2 - ESPANHA/Isla Canela, 2024
2 - PORTUGAL/Faro - Ria Formosa, 2025
Volto amanhã.
Bom.dia de Paz, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarHoje foram sobre o preciso mar e a linguagem as petalas encantadas.
Fico aqui meditando nas nas primicias da manha, é tão bom!
Muito obrigada pelas suas pesquisas partilhadas.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Muito lindos os pensamentos e tuas fotos maravilhosas!
ResponderEliminarAdorei! beijos, lindo dia!
chica
Olá, amiga Teresa,
ResponderEliminarExcelentes pétalas aqui partilha. Cada uma delas sábias e realistas.
Gostei bastante.
Votos de uma excelente semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
A atração irresistível do mar, que emana uma aura de mistério e reverência, através do seu ruído constante e da sua imensidão infinita, encanta e fascina inúmeras pessoas.
ResponderEliminarGostei de ler sobre o simbolismo e o significado literário das tuas pétalas. A minha pétala de eleição é do filosofo austríaco.
Pensamentos intensos e líricos, Teresa como se estivéssemos diante de um mosaico de espelhos marítimos, cada um refletindo um fragmento do que somos diante do inominável: o mar, a dor, o silêncio, o fim, e a linguagem. O mar aqui não é apenas paisagem: é metáfora viva, quase orgânica. Ele inspira e expira, como um corpo imenso em comunhão com o nosso. O que Valérie Perrin nomeia com tanta leveza “o céu sentado no chão” logo se densifica: o mar torna-se palco daquilo que não se mostra, daquilo que, ao contrário da superfície luminosa, mergulha no abstrato. O além dos navios é também o além de nós esse ponto onde nos perdemos de vista. As caminhadas evocadas, então, são rituais. Não se caminha só para curar, mas para transformar a dor em matéria outra. Como se a tristeza, ao ar livre, se deixasse moldar pelo sopro do mundo. A beleza dessas caminhadas reside justamente no que elas não prometem: elas não salvam, mas transmutam. São alquimia da alma. E aí, quando tudo desmorona seja um mundo inteiro ou só o nosso próprio mundo íntimo resta a ação mais humana de todas: pôr um pé diante do outro. Não há epifania grandiosa, há persistência. E essa insistência de continuar é, paradoxalmente, o próprio fim e também a salvação.
ResponderEliminarA presença de Wittgenstein e Abrunhosa costura essa travessia com uma pergunta subterrânea: o que podemos dizer daquilo que sentimos? A linguagem como ponte, mas também como limite. A dor extrema, como bem lembra a última citação, exila-nos da linguagem. E talvez por isso mesmo escrever como Teresa escreve, como este blog ousa fazer seja também uma forma de resistência contra o silenciamento da dor. Um esforço espiritual, como diz Abrunhosa, de nos mantermos visíveis uns aos outros. Esse é um texto que não se lê de uma vez. Ele se caminha. Como quem entra no mar, até onde dá pé. Depois, o resto é entrega. E silêncio.
Interessante,
Abraço,
Fernanda!
O mar chama por nós nesta época do ano.
ResponderEliminarBeijo, boa semana