“Quando começo a escrever nunca sei nada do que me vai chegar.
É deixar-me ir até onde a história me levar.”
(Jon Fosse, in Ípsilon, 22 Março 2024)
"De que passado parecem fugir eles? Inseparáveis desde o dia em que se conheceram, quando Asle era tocador de violino e a sua música era como o canto do pai de Alida, sabem que só se têm um ao outro..."
“Para onde vamos, diz Alida
Ora, quem sabe, diz Asle
Vamos até onde chegarmos, diz ela
Vamos para onde nos levar o caminho, diz ele”
Mas para onde, diz ela
Para Bjørgvin, diz ele
Mas como, diz ela
Navegamos, diz ele
Então precisamos de um barco, diz ela
Eu arranjei um barco, diz Asle
Vamos descansar um pouco primeiro, diz ela
Então só um pouquinho, diz ele"
“A vida começa agora, diz ela
Agora vamos a navegar no mar da vida, diz ele
Acho que não consigo adormecer, diz ela
Mas podes ficar aí deitada a descansar, diz ele
É bom estar aqui deitada, diz ela
É bom que te sintas bem, diz ele
Sim, nós estamos bem, diz ela
e escuta o vaivém do mar e a Lua brilha e a noite é como um dia estranho e o barco desliza em frente, em direcção ao Sul, ao longo da costa"
"Tudo é muito mais agradável a dois, diz ela"
Prémio Nobel de Literatura, 2023
"Trilogia é uma parábola de inspiração bíblica sobre o amor, o crime, o castigo e a redenção."
Três histórias - Vigília (2007), Os Sonhos de Olav (2012) e Fadiga (2014) - que se fundem numa única história misteriosa, comovente, fascinante, de leitura compulsiva.
A escrita sem pontuação de Jon Fosse, primeiro estranha-se, depois entranha-se. (Aconteceu-me o mesmo com a escrita de José Saramago. Comecei a ler "Memorial do Convento", estranhei, coloquei de lado... e por lá ficou anos a fio. Curiosa e furiosa comigo própria, um dia voltei a Saramago... e só parei na última página do último romance publicado pelo autor)
É belíssimo este romance. Uma pétala!
Eu, já decidi: vou ler tudo, tudo, o que Jon Fosse já publicou e o que vier a publicar.
(Foto net: fiordes da Noruega)
Boa semana!