"ver o Diferente, ver o Semelhante"
“Duas pedras que nos parecem iguais são bem distintas para um geólogo, dois gémeos que nos parecem iguais, são bem distintos para a mãe que os ama (...)
O pensamento mais completo é aquele que diante dos factos, dos acontecimentos e das várias coisas que existem no mundo, conseguem perceber as inúmeras diferenças e as inúmeras semelhanças.(...)"
"No diário de um dos grandes filósofos do século XX, Cioran, ele escreve: “Que seria eu, que faria eu sem as nuvens?”
Uma bela pergunta.
Cioran depois acrescenta: “Passo a maior parte dos dias vendo as nuvens passar.”
As nuvens que, para algumas pessoas, são todas iguais e por isso aborrecem; e as nuvens que, para algumas pessoas, são todas diferentes e, por isso, entusiasmam."
"Estar vivo, em parte, não é fácil, porque muitas vezes se instala a ideia de que tudo é apenas uma repetição: comer de novo, e de novo lavar o prato; de novo o sol – e tudo o que se repete debaixo dele – e, de novo, as nuvens.
Conseguir encontrar entusiasmo nas semelhanças e conseguir encontrar entusiasmo nas diferenças, eis o difícil.”
GONÇALO M. TAVARES, professor e escritor português (1970-), in crónica “Moscas e nuvens – ver o diferente, ver o semelhante”, revista "E", jornal Expresso, 3 Março 2023
EMIL CIORAN, filósofo, escritor romeno, radicalizado em França (1911-95)
Fotos de duas amigas: