31 maio, 2021

Pétala nº 3288

“«Há nos homens mais coisas a admirar que coisas a desprezar.» Nos homens, escreveu Camus. Não nos deuses, não nos santos, não nas bestas, mas nos homens. Aqueles que, em tempos de peste, escolhem a decência.” 
BRUNO VIEIRA AMARAL, escritor português (1978-), in “Manobras de guerrilha”, Ed. Quetzal, 2018

30 maio, 2021

Pétala nº 3287

“Desde o segundo em que começou a ler esta frase, o seu corpo produziu um milhão de glóbulos vermelhos. Já estão a acelerar dentro de si, a viajar nas suas veias, a mantê-lo vivo. Cada um destes glóbulos vermelhos dará a volta ao seu corpo cerca de 150 000 vezes, transportando repetidamente o oxigénio para as suas células, e depois, gasto e esgotado, apresentar-se-á perante outras células para ser silenciosamente liquidado em nome de um bem maior: você.” 

BILL BRYSON, escritor norte-americano (1951-), in “O CORPO – Um guia para ocupantes”, Bertrand Editora, 2019



Leia  esta investigação  bem humorada  sobre o corpo humano. 
É deliciosa!


(foto net)

29 maio, 2021

Pétala nº 3286

“Aprendi o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores.” 
FHALIL GIBRAN, ensaísta, prosador, poeta, pintor libanês (1883-1931)


28 maio, 2021

Pétala nº 3285


UM POEMA NO PALPITAR DO CORAÇÃO 

Queria escrever um poema 
Que ninguém lesse 
Que ninguém visse 
Que nunca aparecesse 
Mas que alguém o sentisse 
Que tivesse o perfume de uma flor 
Que brilhasse como o sol 
Que tivesse o sossego da noite 
A candura do luar 
A beleza de um girassol 
Que descrevesse o meu amor 
A doçura do teu olhar 
Só para o poder oferecer 
Na suavidade do verbo amar 
Na paz da minha solidão 
E só tu o soubesses perceber 
No palpitar do teu coração 
Quando sozinha o fosses ler




(foto net)

27 maio, 2021

Pétala nº 3284

"… às vezes, tenho a impressão de que vivemos num mundo inventado por nós mesmos. Estabelecemos o que é bom e o que não é, desenhando mapas de significados… e, depois, passamos a vida inteira a lutar contra aquilo que concebemos. O problema é que cada um tem a sua versão do mundo, e por isso é tão difícil as pessoas entenderem-se."
OLGA TOKARCZUK, psicóloga e escritora polaca (1962-), in “Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos”, Ed. Cavalo de Ferro, 2019 
Prémio Nobel de Literatura, 2018


26 maio, 2021

Pétala nº 3283


“… sempre me fez a maior impressão o raio de semelhança que existe entre a palavra «adulto» e a palavra «adúltero».
Adultos, adúlteros. Curioso!” 

DAVID MOURÃO-FERREIRA, escritor e poeta português (1927-96), in “Um amor feliz”, Ed. Presença, 1986



(foto net)


25 maio, 2021

Pétala nº 3282

“Tão pobres somos que as mesmas palavras nos servem para exprimir a mentira e a verdade.” 
FLORBELA ESPANCA, poetisa portuguesa (1894-1930)

“As palavras são a nossa condenação. Com palavras se ama, com palavras se odeia. E, suprema irrisão, ama-se e odeia-se com as mesmas palavras.” 
EUGÉNIO DE ANDRADE, poeta português (1923-2005)
 

24 maio, 2021

Pétala nº 3281

“Algumas pessoas divertem-se à grande durante a vida e depois tropeçam naquelas que se limitam a caminhar!” 
KNUT HAMSUN, escritor norueguês (1859-1952), in “Os frutos da terra”, Ed. Cavalo de ferro, 2016
Prémio Nobel de Literatura 1920


23 maio, 2021

Pétala nº 3280


“… a lógica do universo gira em torno das lágrimas das mães.”

ORHAN PAMUK, escritor turco (1952-), in “Mulher de cabelo ruivo,” Ed. Presença, 2006 
Prémio Nobel de Literatura 2006


(desenho da flor, net)

22 maio, 2021

Pétala nº 3279

“O correr das águas, a passagem das nuvens, o brincar das crianças, o sangue nas veias. Esta é a música de Deus.” 
HERMANN HESSE, escritor alemão (1877-1962) 
Prémio Nobel de Literatura, 1946 


21 maio, 2021

Pétala nº 3278


perdi as palavras dentro de mim 
esconderam-se dentro dos mil pensamentos 
que guardo na estante do meu cérebro
vejo-as a espreitar
pelas folhas gastas dum livro de poesia
tento apanhá-las
mas elas caem e ficam no meu peito
muito quietinhas por detrás do coração
agora sim apanhei-vos
penso eu
pois aí as palavras ficam cativas
para sempre
mas estas são diferentes
desceram até ao ventre
não têm salvação 



(pintura de Françoise Collandre, net)

20 maio, 2021

Pétala nº 3277

“Caramba, como é fácil a vida quando é fácil, e como é difícil quando é difícil.” 
PHILIP ROTH, escritor americano (1933-2018 ), in “O professor do desejo”, Ed. D. Quixote, 2020

19 maio, 2021

Pétala nº 3276

“Um dia tudo será excelente, eis a nossa esperança; hoje tudo corre pelo melhor, eis a nossa ilusão.”
VOLTAIRE, filósofo francês (1694-1778)

18 maio, 2021

Pétala nº 3275

“… o meu instinto de sobrevivência leva-me sempre aos museus, como na guerra as pessoas corriam para os abrigos anti-bombas.” 
MARÍA GAINZA, crítica de arte e escritora argentina (1975-), in “O nervo ótico”, Ed. D. Quixote, 2018

17 maio, 2021

Pétala nº 3274

“Em criança tirei um pássaro de dentro de uma gaiola. O pássaro não voou. Ficou ali andando aos círculos, aos círculos, aterrorizado com a largueza do mundo e a responsabilidade enorme de ter de sobreviver por si.” 
JOSÉ EDUARDO AGUALUSA, escritor angolano (1960-), in “Estação das chuvas”, Ed. Quetzal, 2017

16 maio, 2021

Pétala nº 3273

Sou um homem invisível. Não, não sou um fantasma como aqueles que importunavam Edgar Allan Poe; também não sou um dos ectoplasmas dos filmes de Hollywood. Sou um homem de substância, de carne e osso, músculos e líquidos, e pode mesmo dizer-se que possuo uma mente. Sou invisível, compreendam, simplesmente porque as pessoas se recusam a ver-me. (...)
Não sou nenhuma aberração da natureza nem da história. Não me envergonho de os meus avós terem sido escravos. Só me envergonho de mim próprio por em certa altura me ter envergonhado.” 

Primeiro parágrafo do romance "Homem invisível", de RALPH ELLISON, escritor norte-americano (1914-1994)

15 maio, 2021

Pétala nº 3272

“Por vezes as famílias estão repletas de segredos e de escuridão, de zonas de mistério.” 
DAVID GROSSMAN, escritor israelita (1954-), revista “E” do Jornal Expresso de 17/10/2020

14 maio, 2021

Pétala nº 3271

“… a tecnologia cria uma armadilha. Não mata o homem, mas encerra-o. Mete-o num campo de concentração tecnológico levando-o a acreditar que é livre quando não o é. O homem perdeu a liberdade no momento em que o mundo se converteu num lugar controlável tecnologicamente.” 
ARTURO PÉREZ-REVERTE, escritor espanhol (1951, em entrevista a Luciana Leiderfarb, publicada na revista "E", do jornal Expresso de 29 janeiro 2021

13 maio, 2021

Pétala nº 3270

"Precisamos de alguém que nos olhe com esperança."

"Os momentos mais difíceis são muitas vezes férteis em manifestações da esperança que acontecem por pura graça."

"Compreender que a esperança floresce no instante é experimentar o perfume eterno."

JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA, teólogo e poeta português (1965-) in “Uma beleza que nos pertence”, Ed. Quetzal, 2019


12 maio, 2021

Pétala nº 3269

"Se todas as batalhas dos homens se dessem apenas nos campos de futebol, quão belas seriam as guerras." 
AUGUSTO BRANCO, pseudónimo de Nazareno Vieira de Souza, poeta e escritor brasileiro (1980-) 

"A felicidade de quem vence, a tristeza de quem perde, afinal, futebol é isso, uma mistura de dor e alegria!" 
AUTOR DESCONHECIDO



VIVA 
O SPORTING CAMPEÃO!

(foto net)

11 maio, 2021

Pétala nº 3268

“…existe a categoria dos sonhos lúcidos, quando você sabe que o sonho é sonho, mas não consegue ver a saída. Ou vê, mas não quer sair, ou sai e já volta porque aqui fora é o absurdo… “ 
CHICO BUARQUE (Chico Buarque de Holanda), escritor brasileiro (1944-) in “Essa gente”, Ed. Companhia das Letras, 2020

10 maio, 2021

Pétala nº 3267


«O Porto ergue-se em anfiteatro sobre o esteiro do Douro e reclina-se no seu leito de granito. Guardador de três províncias e tendo nas mãos as chaves dos haveres delas, o seu aspecto é severo e altivo, como o de mordomo de casa abastada.» 
ALEXANDRE HERCULANO, escritor português (1810-77) 

«Lisboa inveja ao Porto a sua riqueza, o seu comércio, as suas belas ruas novas, o conforto das suas casas, a solidez das suas fortunas, a seriedade do seu bem estar. O Porto inveja a Lisboa a Corte, o Rei, as Câmaras, S. Carlos e o Martinho. Detestam-se!» 
EÇA DE QUEIRÓS, escritor e diplomata português (1845-1900) 

«E quanto ao riso, o Porto gosta de rir e de rir com uma certa insolência: ri mais desbragadamente, mais primariamente, mais saudavelmente e com mais gosto do que Lisboa.» 
VASCO GRAÇA MOURA, escritor, tradutor e político português (1942-2014)


Porque promessas eu cumpro, Teresa Palmira Hoffbauer esta pétala (tripla) é para ti.


De Lisboa faltou mostrar o Castelo de São Jorge? Pronto, pronto, aqui está ele.

(fotos net)

09 maio, 2021

Pétala nº 3266

Porque será que estamos condenados a ser assim tão solitários? Qual a razão de tudo isto. Há tanta, tanta gente neste mundo, todos à espera de qualquer coisa uns dos outros, e, contudo, todos irremediavelmente afastados. Porquê? Continuará a Terra a girar unicamente para alimentar a solidão dos homens?”

HARUKI MURAKAMI, escritor e tradutor japonês (1949-), in “SPUTNIK meu amor", de Ed. Casa das Letras, 2005



Dia Feliz 
para todas as mães brasileiras... e alemãs.

(fotos net)


08 maio, 2021

Pétala nº 3265

“… presságios, é coisa que não existe. O Destino não se faz anunciar. Tem demasiado bom senso ou demasiada crueldade para o fazer.” 
OSCAR WILDE, escritor, poeta, dramaturgo irlandês (1854-1900), in “O retrato de Dorian Gray” “ Ed. Vega, 2000

07 maio, 2021

Pétala nº 3264


"TODOS OS DIAS
Todos os dias são dias de tudo 
Onde tudo acontece 
As sombras emergem 
As amarras se apertam 
O sol desaparece 
O mar se agiganta 
O vento fustiga 
A chuva aparece.

E então num instante… 
Mesmo que não esperemos 
Tudo vira ao contrário 
O que outrora era pedra 
Num toque de magia 
Vira diamante.

E assim são os dias 
Os meses os anos…
Em que isto acontece 
Porque somos humanos!"

Poema de MÁRIO MARGARIDEhttps://poesiaaquiesta.blogspot.com/


(Obrigada, amigo Mário. Muito obrigada!)

06 maio, 2021

Pétala nº 3263

“Todas as histórias de amor são potenciais histórias de dor. Se não no princípio, depois. Se não para um, para o outro. Às vezes para ambos. Então por que aspiramos continuamente a amar? Porque o amor é o ponto onde se encontram a verdade e a magia." 
JULIAN BARNES, escritor inglês (1946-), in “A mesa limão”, Ed. ASA, 2008

05 maio, 2021

Pétala nº 3262


“Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em quem se bata, a ortografia sem ípsilon, como um escarro direto que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.” 

FERNANDO PESSOA, poeta português (1888-1935), in “Livro do desassossego”, Ed. Tinta da China, 2014



(Hoje, Dia Mundial da Língua Portuguesa!)


(foto net)

04 maio, 2021

Pétala nº 3261

“Se desta vida imperfeita eliminássemos tudo o que é inútil, a imperfeição deixaria ela própria de fazer sentido.” 
HARUKI MURAKAMI, , escritor e tradutor japonês (1949-), in “SPUTNIK meu amor", de Ed. Casa das Letras, 2005

03 maio, 2021

Pétala nº 3260



Recebi mais um miminho do meu amigo Douglas. 
Miminho gostoso, que continuo a olhar por entre uma cortina de lágrimas. Lágrimas de alegria, note-se!
Não duvidem, há gestos de amizade que concertam um coração partido no dia anterior. Um dia sem filhos, sem netas, sem beijos, sem abraços, sem risos, sem gestos de tocante doçura. Faltou tudo no meu Dia. 
Hoje será diferente. O sol já raiou e eu comecei o dia sorrindo. 
Obrigada, querido amigo. 
Obrigada pela pétala  do  Mário Quintana, pelo teu miminho, pela tua amizade.
Beijo.


02 maio, 2021

Pétala nº 3259

“SEMPRE QUE EU SAÍA PARA BRINCAR, A MINHA MÃE QUERIA SABER EXACTAMENTE ONDE É QUE EU ESTAVA 
Quando eu entrava, ela chamava-me ao seu quarto, tomava-me nos braços, e cobria-me de beijos. Afagava-me o cabelo e dizia, «Gosto tanto de ti», e quando eu espirrava, ela dizia, «Santinho, sabes como eu gosto de ti, não sabes?», e quando eu me levantava para ir buscar um lenço de papel ela dizia, «Deixa estar que eu vou-to buscar, gosto tanto de ti», e quando eu procurava uma caneta para fazer os trabalhos de casa ela dizia, «Usa a minha, tudo por ti» e quando eu tinha uma comichão na perna ela dizia, «É aqui neste sítio, deixa-me dar-te um abraço», e quando eu dizia que ia subir para o meu quarto ela vinha atrás de mim e dizia, «O que é que eu posso fazer por ti, gosto tanto de ti», e eu tinha sempre vontade de dizer, embora nunca o dissesse: não gostes tanto de mim."
 
NICOLE KRAUSS, escritora norte-americana (1974-) in “A história do amor”, Ed. Dom Quixote, 2006

01 maio, 2021

Pétala nº 3258

"COMUNICADO
Na frente ocidental nada de novo. 
O povo continua a resistir 
Sem ninguém que lhe valha, 
Geme e trabalha 
Até cair.”

MIGUEL TORGA, poeta português (1907-95), in "Poesia completa", Ed. Dom Quixote, 2000