"The art of losing isn’t hard to master"
(Elizabeth Bishop, primeiro verso do poema "One Art", 1976)
“Nascemos e morremos nus. Chegamos e partimos de mãos vazias. Gosto muito do poema de Elizabeth Bishop em que ela descreve a vida como «arte de perder». Tem razão. Perder, desprender, desaprender. Aprender a fazer isso o melhor que possamos. Aprender a desaprender, como o mestre Alberto Caeiro. (…) A vida tem isto de paradoxal: somar por somar redunda num diminuir grotesco. O verdadeiro somar, a ampliação efetiva da vida passa pela aceitação de diminuir, de tornar-se pequeno, de ser o último, de servir.”
JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA, cardeal, teólogo e poeta português (1965-) em entrevista a Christiana Martins, publicada na revista "E", do jornal Expresso de 22 Dezembro 2023
Leia o poema de Elizabeth Bishop: aqui.
O GUARDADOR DE REBANHOS
XXI
O que nós vemos das coisas são as coisas.
Porque veríamos nós uma coisa se houvesse outra?
Porque é que ver e ouvir seria iludirmo-nos
Se ver e ouvir são ver e ouvir?
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender
E uma sequestração na liberdade daquele convento
De que os poetas dizem que as estrelas são freiras eternas
E as flores as penitentes convictas de um só dia,
Mas onde afinal as estrelas não são senão estrelas
Nem as flores senão flores,
Sendo por isso que lhes chamam estrelas e flores.
Versos de Alberto Caeiro, heterônimo de FERNANDO PESSOA, poeta português (1888-1935),
in "Antologia poética", R.B.A. Editores, 1994
Chega a uma altura em que aprender a desaprender é crucial.
ResponderEliminarMagnífico post, gostei de ler.
Boa semana e uma Páscoa muito Feliz.
Beijo!
Olá, querida amiga Teresa!
ResponderEliminarMuito pertinente o tema de hoje.
O Grande Sacrificio nos ensina a nos desprender-se do terreno o quanto antes para nosso próprio bem.
Estou bem assim.:
"Aprender a desaprender"
Certezas caindo por terra.
Aprendendo a viver...
"Às flores as penitentes convictas de um só dia"
É um exemplo perfeito da efemeridade de toda majestade cá na Terra. Por isso até fotógrafo... quando retornar por tal caminho, é provável que não existirá mais...
Tenha uma Semana Santa abençoada!
Beijinhos com carinho fraterno
Lindo post, imagens e poesia !
ResponderEliminarADOREI! Feliz e abençoada Páscoa pra ti , todos os teus e a quem por aqui passar! beijos, chica
Pena que nos esqueçamos de que " nascemos e partimos nus " ( neste último caso, colocam-nos as nossas melhores roupas....) " chegamos e partimos de mãos vazias " e passamos a vida a correr atrás do dinheiro e do poder . Nesse entretanto, só vamos perdendo, desaprendendo, diminuindo até que um dia, tudo se vai e nós, sem nada vamo-nos também. It's hard...too hard, but we have to accept. A vida é complexa e saber vivê-la é uma arte; saber ver, saber escutar, saber aprender, partilhar, saber somar todas essas emoções, sempre com a consciência de que vamos " diminuir, que vamos tornar-nos pequenos, de que vamos ser os últimos, de que devemos servir " e um dia partir, naquele " instante da última despedida". Estamos na Páscoa, época em que se lembra a morte de Jesus Cristo e depois a sua ressurreição, mas....connosco não haverá a alegria de, novamente, aparecermos no mundo dos vivos. Nascemos para morrer e, assim temos de caminhar com essa certeza. It' hard...too hard, Amiga! Uma boa Páscoa, querida Teresa, com a alegria possivel, pois há sempre, um pouquinho de tristeza nela misturada. Beijinhos e um abraço bem apertadinho
ResponderEliminarEmilia 🌻 🌻
Hoje temos pétalas cheias de sabedoria. É um manjar da Páscoa . Magníficas, minha Amiga Teresa.
ResponderEliminarUma boa semana e uma Páscoa abençoada.
Um beijo.
Que a vida sempre floresça para ti, minha querida amiga “jardineira”. Que os nossos melhores desejos sejam ressuscitados e que a saúde seja o principal alvo desses desejos, pois, toda a nossa riqueza material pode ficar em praça pública se não estivermos mais aqui, que diferença não fará.
ResponderEliminarQue a Páscoa seja doce e fiel ao que teu coração anseia.
Beijos!!!
Boa tarde Teresa,
ResponderEliminarMagníficas Pétalas de Tolentino que tanto admiro, assim como de Alberto Caeiro que também aprecio muito.
Grata pela publicação.
Santa e Feliz Páscoa também muito docinha.
Beijinhos,
Emília
Olá, amiga Teresa,
ResponderEliminarNa vida, aprendemos, desaprendemos e desprendemo-nos. Faz parte da nossa caminhada.
Excelentes pétalas! Linda partilha.
Deixo os meus votos de feliz semana, com muita saúde e paz.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Quando não quero pensar
ResponderEliminarlimito-me a olhar
Quando o quero fazer
esforço-me por ver
(vim atraído pelas amêndoas)
:)
O nosso Cardeal é um verdadeiro doce.
ResponderEliminarVotos de Santa Páscoa.
Beijo
Agradeço e retribuo os votos de Páscoa Feliz.
ResponderEliminarAbraço de amizade.
Juvenal Nunes
Olá Teresa,
ResponderEliminarComo nos diz Elizabeth Bishop
"Perder algo todos os dias. Aceite a agitação
das chaves perdidas, da hora mal gasta.
A arte de perder não é difícil de dominar."
Contudo não é fácil aceitar a perda de algo que queremos muito, apesar de sabermos que nascemos e morremos nus!
Gostei de revisitar Alberto Caeiro no seu "Guardador de Rebanhos".
Grato pela partilha.
(***)
"O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê,
Nem ver quando se pensa."
(***)
Um abraço e votos de uma PÁSCOA FELIZ!...
Boa tarde
ResponderEliminarBelissíma Postagem.
No meu poema de hoje também cito o Cardeal Tolentino
Boa semana com saúde e paz.
Páscoa abençoada!
Um beijo
:)
Bom dia, Teresa
ResponderEliminarLinda postagem. Gostei dessa colocação: "O verdadeiro somar, a ampliação efetiva da vida passa pela aceitação de diminuir, de tornar-se pequeno, de ser o último, de servir.” Que possamos aprender com o Mestre Jesus a servir o próximo da melhor forma possível, obrigada pela visita no meu blog. Feliz Páscoa! Bjs querida.
Bella entrada en esta Semana Santa, nos ayuda a reflexionar sobre lo efímera que es la vida y lo importante que es para todos nosotros ir aprendiendo a soltar, a vaciar nuestra mochila pues lo verdaderamente cierto es que moriremos desnudos, tal cual como hemos nacido.
ResponderEliminar¿Para qué acumular y ambicionar?
Bellos poemas has seleccionado.
Cariños y feliz Semana Santa.
Kasioles
Belas escolhas poéticas Teresa!
ResponderEliminarUma Páscoa harmoniosa... 💜😘
Olá, amiga Teresa,
ResponderEliminarPassando por aqui, para desejar uma FELIZ PÁSCOA, com tudo de bom!
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Querida Teresa,
ResponderEliminarA vida é esse eterno aprender e desaprender e isso de certa forma é benéfico, pois temos que buscar em nossas lembranças a forma correta de se fazer algo. Achei belíssimos os poemas que você nos compartilhou e aproveito para te desejar uma Feliz Páscoa!
Um beijo!
Querida Teresa
ResponderEliminarTodas as tuas pétalas levam-nos de reflexão em reflexão.
E a publicação desta semana é especialíssima. Juntaste
aqui Elizabeth Bishop, José Tolentino Mendonça e Alberto
Caeiro, seguindo uma linha também especial que é a
arte de perder, de aprender, de desaprender.
Fixo-me em Alberto Caeiro que nos exorta a que saibamos
ver as coisas na sua simplicidade sem inventarmos complexidades
desnecessárias.
Bem que Álvaro de Campos o chamava de Mestre, pois que ele
se regia pelas sensações...
Bom fim-de-semana, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Teresa, querida, tua postagem está um show, duas belíssimas pétalas, ou pérolas? rs
ResponderEliminar"A arte de perder não é difícil de dominar; Perder, desprender, desaprender..." Verdade!
Fui no link que deixaste, que poema para refletir! A vida nos oferece mais perdas do que ganhos, é um saltitar constante, "Perder, desprender, desaprender." Na verdade ano após ano vamos perdendo um pouco de vida, quanto mais anos fazemos, mais aprendemos, mais fazemos coisas, mais isso e mais aquilo, sim... Mas na verdade, vamos perdendo vida, o tempo se esvai! Tudo que adquirimos, lá adiante perderemos, e assim é a vida, temos de nos conformar. É duro, mas quando já alcançamos a "outra estrada", essa que estamos trilhando... perdemos, desprendemos e desaprendemos. Que coisa, amiga...Mas ninguém vem para ficar, viemos... mas, pensamos, com isso tudo, qual é o sentido da vida? Não sei, ninguém sabe. Então, querida, é aquilo que escuto muito: "viva o dia de hoje e não pense no amanhã!" O pior é que penso! Gostei muito de refletir aqui contigo! Gostei imensamente do poema de Elizabeth Bishop, apesar de dolorido. Mas é a nossa verdade.
Uma feliz Páscoa, querida amiga, falaremos, ainda.
Beijinho nesse coração de ouro!
Uma arte a elegia de Bishop , ensina-nos a conjugar o verbo perder porque sabemos sim, que não é nenhum mistério...
ResponderEliminare como sabemos ! Adorei reler esse poema-arte que nos ensina que nada disso é sério, flores e estrelas são flores e estrelas e é bom que consigamos nos acomodar com as pequenas perdas para mensurar as grandes., sem muito sofrer. Belíssimas citações e a delicadeza do dente-de-leão , que encanta-nos . Feliz domingo de Páscoa , Teresa. Sempre um enorme prazer te visitar nesse recanto leve e aolhedor .
Deixo beijinhos.
.
ResponderEliminarUma Páscoa com saúde e Paz... || Desejo que todos tenhamos uma Santa e Feliz Páscoa, extensivo a todos os nossos, e vossos Familiares e Amigos. Saúde e Paz para todo o Mundo, que bem precisa.||
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Fraterno Abraço
Uma pétala perfeita que nos lembra a necessidade de aprender o desapego.
ResponderEliminarMinha amiga Olinda, para si e todos os que ama, desejo uma Páscoa muito Feliz.
Beijinhos
A sua amiga Teresa agradece e retribui...
EliminarBjs
Sábado Santo: Um grande silêncio reina sobre a terra 🌏
ResponderEliminarP assagem para a vida
ResponderEliminarA luz de Cristo Jesus
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C om amor por todos nós
O amor venceu, enfim
A vida ganha novo tom
Abençoada Páscoa, querida amiga Teresa!
Beijinhos pascais
Olá, amiga Teresa, gostei muito deste poema de Alberto Caeiro
ResponderEliminar(heterônimo de Fernando Pessoa), poema que me fez pensar em todos os versos que escreveu.
O verso do poeta que fala em saber ver, fez-me pensar muito
nessa frase, saber ver. Na minha reflexão fiquei pensando na importância que tem a visão e, sem ousar modificar qualquer coisa do poema, apenas refletir que a coisa mais importante na função dos olhos é ver. Ver qualquer coisa, uma ave voando, um peixe no mar, a árvore que se verga pelo vento, a rosa que pelo vento se desfolha, o riso da criança, a moça sonhadora, a mulher que leva o filho pela mão, o neto que passa a mão nos cabelos do avô, o sol e a lua.
Penso, pois, que o mais importante é ver. Penso que o grande poeta Luis Carlos Borges haveria de concordar comigo.
Votos de uma Feliz Páscoa pra você, querida Teresa, e sua família.
Beijo.
Lindo de ler
ResponderEliminarDeixando votos de uma feliz Páscoa extensivos à sua família.
Uma maravilha. pétala a pétala que nos vestem a alma.
ResponderEliminarBishop, Tolentino e Caeiro, um bouquet nos nos perfume e faz reflectir.
Gostei muito.
Abraço com o desejo que a sua Páscoa tenha sido cheia de brisas doces ***